quinta-feira, 1 de setembro de 2016

A Trágica História das Crianças do Lebensborn

Com cabelos loiros e olhos azuis penetrantes, o bebê atraía o olhar das outras mães na Criméia. Mas a aparência de Folker Heinecke também provou ser uma maldição: ela lhe trouxe a atenção de Heinrich Himmler. Ele ficou encantado por Folker, que foi levado à Alemanha após ter sido capturado por oficiais da SS vasculhando terras ocupadas em busca de crianças loiras e de olhos azuis.

Tendo sido afastado de seu lar quando os tanques alemães atravessaram a Criméia em 1942, Folker foi primeiro levado por oficiais da SS para um instituto médico alemão, onde médicos mediram cada parte de seu corpo, procurando por qualquer “traço judaico” – por exemplo, circuncisão – antes de ser declarado apto.

Ele foi selecionado para ser membro do Lebensborn – A Fonte da Vida – o programa de procriação de Himmler para assegurar o futuro do Reich de Mil Anos ao fornecer gerações futuras “puras” para substituir aqueles perdidos pela guerra.
 
Folker Heinecke

 
“Lembro-me destas pessoas chegando a uma sala onde havia 30 de nós, crianças alinhadas como cachorrinhos, para serem escolhidos para um novo lar, diz Folker, agora com 67 anos. Eles deveriam ser meus pais. Eles voltaram no dia seguinte. Acho que minha ‘mãe’ queria uma menina, mas meu ‘pai’ queria um menino – para manter seus negócios no futuro. Encostei minha cabeça em sua capa e aquilo fez a diferença – eu seria seu filho.”

Agora, seis décadas depois, Folker Heinecke tornou-se o centro de outras milhares de crianças Lebensborn, cujas vidas foram destruídas pelo plano de Himmler. Com a abertura do maior arquivo do Holocausto do mundo no Centro de Rastreamento da Cruz Vermelha em Bad Arolsen, Alemanha, Folker finalmente descobriu a verdade. Os documentos mostram que Folker Heinecke nasceu em 17 de outubro de 1940 como “Aleksander Litau”, em Alnowa, Criméia, na União Soviética.

Com seus cabelos grisalhos, Folker viajou para a Criméia em 2008. Ele encontrou uma casa e uma estrada onde os habitantes locais lhe disseram que vivia uma família chamada Litau. Mas ele não encontrou os túmulos de seus pais. Mesmo assim, um grupo de camponesas idosas, com suas memórias vagas, lembrou o dia que os soldados chegaram e levaram embora uma “criança loira linda”. Mas após a guerra, Stalin enviou milhões de cidadãos russos para os gulags – muitos deles pelo “crime” de estar no caminho dos alemães. E não havia informação sobre os Litaus.

Eugenia Platônica

O Projeto Lebensborn não pode ser compreendido sem colocá-lo no contexto maior do movimento eugênico internacional que começou nos anos 1880. O movimento eugênico foi criado com o surgimento das disciplinas da psicologia e sociologia, isto é, a questão do por que os seres humanos se comportam de acordo com as características nacionais, raciais, religiosas, econômicas e de posição social. Ela também surgiu com a crença de que características físicas como dimensões anatômicas da cabeça, orgãos genitais e cor dos olhos e cabelos determinavam o valor da pessoa.

Concomitante a estes fatores estava a crença de que o povo de Atlantis, como descrito por Platão, era o protótipo do ser humano perfeito e que através da prática da eugenia seria possível trazer a humanidade de volta ao estado de perfeição. Os pensamentos de Platão sobre a eugenia e a procriação de reis filósofos e guardiães para a República podem ser encontrados em sua obra República, Livro IV.

Platão cita cinco critérios para crianças que devem se tornar reis filósofos e guardiães da República:

  1. A raça dos guardiões deve ser “pura”.

  1. Crianças serão colocadas num cercado e trocadas. As mães cuidarão dos bebês, mas não saberão quais são os seus.

  1. Crianças de pais inferiores e crianças defeituosas serão tirados de circulação em segredo já que isto será benéfico.

  1. Meninos e meninas guardiões serão educados como filósofos e guerreiros.

  1. Crianças serão levadas junto com os cavaleiros para presenciar batalhas e ter o gosto de sangue como cachorrinhos.

Na República, era uma questão de política eugênica que os pais gerassem crianças para o Estado por um determinado número de anos. As crianças não eram para realização pessoal ou família, mas eram para a saúde do corpo político. Após o limite de idade ser atingido, Platão defendia que o aborto fosse estimulado a qualquer mulher que se ficasse grávida aos quarenta anos ou tivesse um marido com mais de cinqüenta anos. Era esperado que os pais fizessem todo esforço para abortar os fetos ou descartar do recém-nascido de gravidezes de risco se o aborto não fosse bem sucedido.

O pai tinha controle total sobre a vida de sua criança. Patria potestas (“A Lei do Pai”) se refere ao poder dos pais gregos e romanos de decidir o destino de um feto mesmo antes de uma criança nascer assim como o da própria criança. Abortar um feto ou cometer infanticídio não era crime na Grécia antiga. Bebês defeituosos, deformados ou “nascidos de forma errada” eram levados para fora dos limites da cidade onde eram deixados morrer de fome. Estes bebês não eram considerados seres humanos porque um recém-nascido não era uma pessoa humana até seu pai declará-lo membro da família, o que não era feito até 5 a 7 dias após o nascimento para crianças saudáveis e até um mês para crianças com problemas.

A Eugenia nos Séculos XIX e XX

A Eugenia é o estudo do melhoramento hereditário da raça humana por procriação seletiva. O ponto alto do movimento eugênico aconteceu entre 1880 e 1950 nos EUA, Inglaterra e Alemanha.

O movimento eugênico teve apoio de muitas correntes filosóficas. Na Inglaterra, Sir Frances Galton tornou-se interessado nos padrões de genialidade nas famílias que ele considerava uma característica herdada. Os estudos de Galton influenciaram grandemente o interesse na avaliação psicológica e estudos da inteligência humana. Os conceitos de Charles Darwin de “seleção natural” e “sobrevivência do melhor adaptado” resultaram na conclusão lógica da perfeição do homo sapiens. Darwin teorizou, apesar de mais tarde ter repudiado, o que ele chamou de Síndrome da Adaptação Geral. Esta hipótese dizia que os seres humanos e a natureza evoluiriam em cada nível em direção de um estado mais perfeito.

Na América, o movimento eugênico foi liderado por duas pessoas: Margaret Sanger e o Dr. Charles Davenport. A primeira preocupação de Margaret Sanger com o controle da natalidade originou-se como uma consequência de seu trabalho em ambientes de pobreza, os quais levaram-na a acreditar que pessoas “geneticamente inferiores” não deveriam ter filhos e que centros de controle da natalidade deveriam ser instalados nas vizinhanças empobrecidas. O Dr. Charles Davenport, eugenicista e zoólogo na Universidade de Chicago, acreditava que era possível melhorar características morais “dentro” e “fora” da espécie humana. Consequentemente, ele era vigorosamente contra a imigração porque ele acreditava que os imigrantes eram geneticamente inferiores.

A Eugenia Nazista

Desnecessário dizer que Adolf Hitler, Heinrich Himmler e Josef Goebbels estavam muito interessados no campo emergente da eugenia.

Os nazistas criaram leis que refletiam seu objetivo de transformação da sociedade pela eliminação de elementos indesejáveis através de leis de regulamentação do casamento e preservação da raça. Estas leis tinham um duplo propósito: primeiro “purificar” a raça ariana e segundo erradicar a “inferior” raça dos judeus.

 O estereótipo de ariano na visão dos nazistas

 
A questão para os nazistas era “quem é judeu?” A regra do ¼ era extensivamente aplicada da seguinte forma: “alguém que é descendente de um ou dois avós que, racialmente, eram judeus completos, definido como aqueles que pertenceram à comunidade religiosa judaica.” Assim, em 1933 leis começaram a eliminar os direitos legais dos judeus e as Leis de Nuremberg de 1935 eliminaram não somente a cidadania judaica, mas também o acesso à Justiça e às propriedades. O termoJudenrein significa “livre de judeus” e em 1935 uma lei foi criada proibindo o casamento entre judeus e alemães étnicos. Esta lei deveria terminar a contaminação do sangue alemão.

Entretanto, as leis de casamento e raça também incluíam uma lei favorável aos casais alemães. A lei de impostos de 1933 estipulava que casais alemães poderiam conseguir um empréstimo que era pago a uma taxa de 25% para cada nova criança nascida. Entretanto, dificuldades do governo e outros fatores sociais levaram ao fracasso da iniciativa de se conseguir grandes famílias.

O Projeto Lebensborn

A Sociedade Fonte da Vida (Lebensborn Eingetragener Verein) foi criado por Himmler em 12 de dezembro de 1935, em resposta à taxa declinante de nascimentos na Alemanha. A proposta da SS era reforçar a doutrina nazista e os ideais anti-semitas. Em uma palestra de Himmler para a Wehrmacht em janeiro de 1937, ele citou o credo da SS:

Temos um inimigo ideológico... o Bolchevismo liderado pela Judiaria internacional e pela maçonaria... todos os Estados e povos que são dominados ou estão sob forte influência da Maçonaria e dos judeus eventualmente tornar-se-ão hostis à Alemanha e criarão um perigo para nós. O Bolchevismo é uma organização de subumanos, é a fundação absoluta do domínio judaico, é o exato oposto de tudo o que os povos arianos amam, saúdam e valorizam. É um estilo diabólico, pois apela aos instintos mais baixos e malvados da humanidade e transforma-os em religião. Seu objetivo é a destruição do homem branco.

Somos mais valorosos que os outros que podem ser agora e sempre serão mais numerosos. Somos mais valorosos porque nosso sangue nos permite ser mais inventivos que os outros, liderar nosso povo melhor do que os outros. Pois temos os melhores soldados, os melhores cidadãos, uma cultura mais nobre e um caráter melhor.[1]


 
Himmler indicou George Ebner, M.D., como Oberführer SS do Projeto Lebensborn. Sua posição oficial na hierarquia nazista era chefe do Departamento de Saúde do Escritório de Raça e Reassentamento. O Projeto Lebensborn era um das muitas divisões deste órgão. Ebner foi indicado porque ele era considerado um especialista em assuntos de “higiene racial” e um palestrante sobre “Problemas da Seleção Racial” no recrutamento de membros da SS.

Como Oberführer do projeto Lebensborn, Ebner era o responsável pela Casa Steinhöring Lebensborn, que foi a primeira instalação do projeto. Neste local, ele presenciou o nascimento de 3.000 crianças e realizou experiências reprodutivas em mulheres. Sua outra responsabilidade era determinar quais crianças de países ocupados satisfaziam os critérios para a “Germanização”. Ebner foi capturado no fim da guerra e julgado por crimes contra a humanidade, crimes de guerra e associação com organização criminosa em Nuremberg. Ele foi absolvido de crimes contra a humanidade e crimes de guerra, mas considerado culpado por pertencer a organização criminosa. Ele foi libertado após algum tempo e morreu em 1974, ainda acreditando que o Lebensborn era a salvação para a raça alemã.

O Projeto Lebensborn tinha dois objetivos principais. O primeiro era a criação de crianças alemãs “racialmente puras”, que deveriam ser o próximo passo para o avanço da raça ariana. Para atingir esse objetivo, jovens mulheres, que eram “racialmente puras”, foram selecionadas para serem engravidadas por oficiais da SS e dar á luz a uma criança em segredo. Estas mulheres tinham que passar por vários dias de testes físicos e psicológicos para serem aceitas como mães Lebensborn.
 
Escola de "noivas" para o Lebensborn
 
As crianças geradas por estas uniões eram dadas à SS, que cuidaria de sua adoção e educação. Entretanto, Himmler chegou à conclusão que este processo era muito demorado para fornecer o número de arianos necessários para construir o Terceiro Reich. Para resolver isto, ele instituiu uma política de sequestro de crianças que tinham características nórdicas (teutônicas) nos países ocupados pelos nazistas.
 

 Uma maternidade Lebensborn

 
A aceitação era definida com base na medida de 62 partes do corpo. Os testes incluíam: cor dos olhos e cabelos, formato do nariz e lábios, dedões dos pés e unhas, condições dos órgãos genitais e testes neurológicos. A desqualificação automática incluía: imundice persistente, incontinência urinária, flatulência, onicofagia (roeção de unhas) e masturbação. Os pais das crianças selecionados para “germanização” eram avisados que seus filhos seriam enviados à Alemanha para tratamento de saúde.

O segundo objetivo do projeto Lebensborn era constituído de três elementos:

  1. Despovoar os países ocupados, de modo que eles fossem mais facilmente pacificados.

  1. Despovoar as próximas gerações para minimizar a resistência à ocupação.

  1. Despovoar para satisfazer as necessidades laborais e de terra dos nazistas.

O Projeto Lebensborn operava orfanatos em todos os países ocupados e estava à cargo da “reeducação” das crianças. O Ministério do Interior fornecia a posição legal à Sociedade Lebensborn, conferindo a ela registro civil e guarda permitindo à organização a emissão de certificados de nascimento oficiais com locais e datas de nascimento e nomes falsos.

O esforço de Himmler para garantir uma Alemanha racialmente pura, o fato doLebensborn ser um dos programas raciais de Himmler e o jornalismo sensacionalista sobre o assunto nos primeiros anos após a guerra levou a opiniões equivocadas sobre o programa. O principal erro foi que o programa envolvia procriação coerciva. As primeiras estórias de testemunhas que o Lebensborn era um programa coercivo podem ser encontradas na revista alemã Revue, que publicou uma série de reportagens sobre o assunto nos anos 1950. O filme alemão Der Lebensborn de 1961 mostrou que garotas eram obrigadas a se relacionar nos campos nazistas. 

Entretanto, o programa objetivava o crescimento da população ariana, através do encorajamento da relação entre soldados alemães e mulheres nórdicas nos territórios ocupados, e o acesso ao Lebensborn estava restrito às políticas eugênicas nórdicas e raciais do nazismo, que podem ser entendidas como procriação seletiva supervisionada. Registros recentemente descobertos e testemunhos em andamento das crianças do Lebensborn – e alguns de seus pais – mostram que alguns membros da SS geraram crianças no programa Lebensborn de Himmler. Isto foi, de fato, comentado dentro da Alemanha na época.

 Batismo de uma criança Lebensborn

 
Com a derrota dos nazistas, o projeto, criado em segredo, permaneceu desconhecido da maioria dos alemães até recentemente. Para as mulheres alemãs que tornaram-se mães através do Lebensborn, acreditando em seu ato patriótico, deve ter sido uma experiência agonizante ter que conciliar uma “causa nobre” para a qual foram recrutadas com a derrota e a conseqüente humilhação da Alemanha. Aquelas mulheres foram verdadeiras crentes, assim como os oficiais da SS que as engravidaram. Após a guerra, muitos dos oficiais estavam mortos e aqueles que estavam vivos negaram seu passado nazista.

O Lebensborn Polonês

Começando em 1939, crianças definidas como “racialmente boas” foram seqüestradas nos países ocupados do leste, principalmente a Polônia. Estas crianças eram levadas para os centros Lebensborn na Alemanha para serem “germanizadas”. As crianças “germanizadas” eram adotadas por famílias com membros na SS e outros casais simpatizantes do nazismo.

A Polônia foi dividida em três partes. A primeira parte, a seção oriental, foi para a União Soviética, que era o aliado da Alemanha no começo da guerra. A segunda parte, a Polônia Central, foi chamada de “governo central”, que era administrada como uma fonte de recursos humanos para as necessidades alemãs de mão de obra. A terceira parte, as terras agriculturáveis do norte, foram chamadas de Warthegau e incorporadas ao Terceiro Reich.            

Esta área foi “limpa” de judeus e poloneses, a língua nativa proibida e os nomes das ruas convertidos para o alemão. No verão de 1941, a área foi ocupada por 200.000 alemães étnicos. Todas as crianças nesta área com “aparência nórdica” encontradas em orfanatos ou casas de adoção foram supostas serem alemãs e evacuadas para as instituições educacionais Lebensborn na Alemanha.

Em um documento secreto de 1939, Himmler escreveu: “A primeira condição para o gerenciamento de crianças racialmente valiosas é o completo rompimento com todas as ligações com seus parentes poloneses. As crianças receberão nomes alemães de origem teutônica. Suas certidões de nascimento e hereditariedade serão preenchidas por um departamento especial.”

Em outro documento secreto de maio de 1940, Himmler escreveu: “Temos fé acima de tudo no nosso sangue, que tem corrido em uma nacionalidade estrangeira em virtude das vicissitudes da história alemã. Estamos convencidos que nossa própria filosofia e ideais reverberarão no espírito destas crianças que racialmente nos pertencem.”[2]


O homem escolhido para organizar este rapto em massa de crianças polonesas foi o tenente-general Ulrich Greifelt, que era chefe do escritório central da SS na Polônia. O general Greifelt escreveu em 1941: “Cuidado especial deve ser tomado para garantir que o termo ‘germanização’ de crianças polonesas não chegue ao conhecimento público. As crianças polonesas deveriam ser descritas como órfãos alemães dos territórios orientais reconquistados.” No inverno de 1941, por ordem secreta assinada pelo general Greifelt, o processo de rapto de crianças polonesas para o Projeto Lebensborn começou.

 

Eventualmente, todas as crianças polonesas com idades entre 2 e 12 anos foram examinadas e separadas em duas categoriais: “com valor racial” ou “sem valor racial”. As crianças “com valor racial” foram enviadas à Alemanha para serem “germanizadas”. Dentro deste grupo, crianças com idades entre 6 e 12 anos eram disponibilizadas a casais sem filhos após a adaptação nas instalações do Lebensborn.

O Lebensborn Norueguês

Em 1942, como represália ao assassinato de Heydrich (governador das SS) em Praga, uma unidade das SS exterminou toda a população masculina numa pequena localidade chamada Lídice. Durante esta operação, alguns funcionários das SS realizaram a seleção de crianças. De todas as crianças, 91 foram consideradas passíveis de serem germanizadas e enviadas para a Alemanha. As restantes foram enviadas para campos de concentração especialmente feitos para crianças (como Dzierzazna e Litzmannstadt).

Na Noruega, o governo exilou-se e uma administração fantoche sob o comando de Vidkun Quisling assumiu o poder. Este governo apoiou o projeto Lebensborn e clamou às mulheres norueguesas para se tornarem grávidas em seus lares. Está documentado que pelo menos 8.000 crianças foram geradas pelos nazistas na Noruega em virtude do Lebensborn – na Alemanha, por exemplo, foram entre 3.500 e 4.000 crianças.

As crianças do Lebensborn norueguês tornaram-se objeto de tremendo ódio, discriminação e maus tratos após a guerra. Elas foram classificadas pelo governo como “ratos” e “filhos da puta” nazistas. Muitos foram enviados para manicômios e prisões juvenis. O governo inclusive tentou enviar 8.000 crianças para a Austrália, apenas para se livrar delas. As taxas de suicídios entre as crianças do Lebensborn eram 20 vezes mais altas do que a da população normal, e o alcoolismo, uso de drogas e criminalidade era grande. Eles foram proibidas de educação pública e faziam parte das classes mais baixas da sociedade. Agora, velhos, alguns acabaram como mendigos.

Pior do que as crianças foi o tratamento dispensado às mães delas. Após a guerra, muitas foram arrastadas à rua, despidas, surradas e suas cabeças raspadas. Isto não era específico de um momento, podia acontecer a qualquer hora. Poderia mesmo acontecer durante uma caminhada na rua e ser reconhecida como uma mãeLebensborn. Elas foram proibidas ajuda governamental e nenhum homem “respeitável” queria envolvimento com elas. A maioria não conseguia sequer encontrar um trabalho decente e viveram como prostitutas e na pobreza.

Muitas delas, chamadas “prostitutas alemãs” foram enviadas a campos de concentração secretos, onde se tornaram praticamente escravas. Testemunhas e documentos dizem que elas foram obrigadas a usar LSD, mescalina e outras substâncias durante experimentos conduzidos pelo exército norueguês. A ironia dsto tudo é que, dado o que aconteceu com os judeus, está além da compreensão.

Talvez o exemplo mais conhecido de descendente de mãe norueguesa e pai alemão seja Anni-frid Lyngstad, a cantora morena do grupo pop Abba. Ela e sua família fugiram da perseguição do pós-guerra mudando-se para a Suécia, onde sua estória não era conhecida. Outros, menos afortunados, foram surrados e estuprados.

Harriet Von Nickel, nascida na Noruega em março de 1942, sofreu anos de abuso após sai mãe concordar em ter uma criança com um oficial alemão como parte do programa. Após ter sido adotada no final da guerra, ela foi acorrentada como um cachorro num quintal. Quando completou seis anos de idade, ela foi jogada no rio por um homem de sua vila, que disse que ele queria ver se a bruxa afundava ou flutuava. Quanto ela completou nove anos, ela foi marcada com uma suástica na testa feita com um prego.

“A estigmatização e a vergonha eram tão grandes que levou 50 anos para apresentar-se,” disse Gerd Fleisher, cujo pai era oficial alemão. O pai de Gerd fugiu para a Alemanha após a guerra e ele teve que enfrentar anos de violência quando sua mãe casou-se com um membro da resistência norueguesa. Seu novo “pai” detestava os alemães e descarregou seu ódio em Gerd.

Documentos também mostram que as crianças Lebensborn foram estupradas, com a anuência de funcionários e outros internos dos hospitais psiquiátricos pelo crime de ter pais alemães. Padres recomendavam que as crianças fossem esterilizadas para preveni-las que crescessem como nazistas e travassem guerras nos anos seguintes.      

Entre os milhares de episódios tenebrosos, temos o de Gerd Andersen, também da Noruega, que foi sexualmente abusado em frente da turma inteira, enquanto seu amigo, Karl Zinken, foi colocado numa escola para crianças retardadas, onde foi estuprado.

Em 2008, um grupo de Lebensborn lançou uma ação legal no Tribunal Europeu de Direitos Humanos, exigindo uma compensação entre £50.000 e £200.000. O pedido foi indeferido; foi oferecida a eles uma indenização de £2.000.

sábado, 12 de março de 2016

Homossexuais na Alemanha Nazista


Ernst Röhm, oficial nazista que era homossexual assumido.
Os homossexuais constituíam um dos grupos perseguidos pelo regime nazista. Antes do Terceiro ReichBerlim era considerada uma cidade liberal, com bares e cabarés frequentados pela comunidade homossexualMagnus Hirschfeld tinha começado aí, um movimento pelos direitos dos homossexuais durante o virar do século. Contudo, estes movimentos foram duramente reprimidos pelo Partido Nazi.
A ideologia nazi sustentava que a homossexualidade era incompatível com o Nacional Socialismo, já que não permitia a reprodução, necessária para perpetuar a raça superior. A masturbação era considerada perniciosa pelo Reich.
Ernst Röhm, líder da Sturmabteilung (SA), a primeira milícia do Partido Nazi, um dos homens de confiança de Hitler que o ajudou a ascender ao poder, era homossexual e foi assassinado em 1934 na Noite das Facas Longas. O mesmo se passava com outros líderes, como Edmund Heines.
Hitler protegeu, inicialmente, Röhm de outros elementos do Partido Nazi que consideravam a sua homossexualidade como uma violação grave da política fortemente homofóbica do partido. Hitler, mais tarde, ao considerar que esta podia ser, de facto, uma ameaça à consolidação do partido no poder, autorizou a sua execução na chamada Noite das facas longas. Durante o holocausto, a perseguição continuou, tendo muitos sido enviados para campos de concentração. As estimativas sobre o número de homossexuais mortos nos campos varia muito, entre 5 e 15 mil, consoante os autores consultados.
O sofrimento dos homossexuais não terminou depois do fim da guerra, uma vez que as leis anti-homossexuais dos Nazis não foram suprimidas, tal como aconteceu com as leis anti-semíticas, por exemplo. Alguns homossexuais foram obrigados a terminar a pena a que estavam condenados pelo Governo Militar Aliado do pós-guerra na Alemanha. Outros, ao regressar a casa e aos seus países de origem tiveram que manter o silêncio sobre o seu sofrimento, por medo de discriminação, pois as chamadas leis sobre a sodomia só acabariam por cair na Europa Ocidental nos anos 1960 e 1970.

Depois da Primeira Guerra Mundial, no período da história alemã conhecido como a República de Weimar, a homossexualidade masculina na Alemanha, particularmente em Berlim, gozavam de maior liberdade e aceitação do que em qualquer outra parte do mundo. Contudo, a partir da tomada de poder por Hitler, os gays e, em menor grau, as lésbicas, passaram a ser dois de entre vários grupos sociais a serem atacados pelo Partido Nazi, acabando por ser também vítimas do Holocausto.
A partir de 1933, as organizações gays foram banidas, livros académicos sobre homossexualidade e, mais genericamente, sobre sexualidade humana, foram queimados, e alguns homossexuais do Partido Nazi foram assassinados. A Gestapo compilou listas de nomes de homossexuais, que foram obrigados a adaptar-se à norma sexual Nazi.
Estima-se que em 1928 existiam cerca de 1,2 milhões de homossexuais na Alemanha. Entre 1933 e 1945, mais de 100 mil homens foram registados pela polícia como homossexuais (as "Listas Rosa"), e destes, aproximadamente 50 mil foram oficialmente condenados. A maior parte destes homens foi aprisionado e entre 5 a 15 mil enviados para campos de concentração. O investigador Ruediger Lautman acredita que a taxa de mortalidade de homossexuais presos em campos de concentração poderá ter atingido os 60%, pois os homossexuais presos nesses "campos da morte" para além de serem tratados de forma extraordinariamente cruel pelos guardas, eram também perseguidos pelos outros prisioneiros.
Depois da guerra, o sofrimento dos homossexuais nos campos de concentração nazi não foi reconhecido em muitos países, tendo algumas potências aliadas recusado a libertação ou repatriação destes homens. Alguns dos que ficaram presos, escaparam e foram de novo presos, baseados em factos ocorridos durante no período nazi. Apenas nos anos 1980 começaram a surgir governos a reconhecer os homossexuais como vítimas do Holocausto, e apenas em 2002 o governo alemão pediu formalmente desculpa à comunidade gay.
Este período da história mantém-se, contudo, rodeado em controvérsia. Em 2005, o Parlamento Europeu adoptou uma resolução relacionada com o Holocausto em que a perseguição nazi aos homossexuais não foi referida.

A subida do Nazismo ao poder[editar | editar código-fonte]

Antes do Terceiro ReichBerlim era considerada uma cidade liberal, com numerosos cabarés, clubes nocturnos e bares gays, onde berlinenses e turistas (gays ou não) se divertiam com espectáculos detravestiHitler, no seu livro Mein Kampf, denunciou estes costumes como prostituiçãosífilis e degeneração cultural, responsabilizando parcialmente os judeus.
Por essa época, Berlim era sede das organizações LGBT mais dinâmicas e activas do mundo. O médico judeu Magnus Hirschfeld fundou em 1897, com Eduard ObergMax Spohr e Franz Josef von Bülow, o Comité Científico Humanitário (Wissenschaftlich-humanitäre Komitee), com o objectivo de lutar contra o Parágrafo 175 que ilegalizava as relações sexuais entre homens e de obter o reconhecimento para os homossexuais e transgêneros, que é considerada a primeira organização pública de defesa dos direitos dos gays.
Estes progressos da comunidade gay foram rapidamente eliminados com a chegada ao poder do Partido Nazi de Hitler.
nazismo declarou a sua incompatibilidade com a homossexualidade pois os gays não se reproduziam e, logo, não perpetuavam a raça ariana. Pelas mesmas razões, a masturbação foi também considerada prejudicial ao Reich, mas seria apenas ligeiramente reprimida. Os nazis temiam ainda o "contágio" gay.
Hitler acreditava que a homossexualidade era um "comportamento degenerativo" que ameaçava a capacidade do estado e o "carácter masculino" da nação. Os homens gays eram denunciados como "inimigos do estado" e acusados de "corromper" a moral pública e ameaçar o crescimento populacional alemão.
Os líderes nazis, como Himmler, consideravam também que os homossexuais eram uma raça à parte e promoveram experiências médicas que tentavam encontrar alguma deficiência hereditária que muitos membros do partido julgavam ser a causa da homossexualidade. Enquanto muitos líderes nazis defendiam que os homossexuais deviam ser exterminados, outros pretendiam legislação que banisse sexo entre homens ou entre mulheres.
Ernst Röhm, o chefe da SA que Hitler considerava uma ameaça potencial, manteve a sua homossexualidade oculta até que em 1925 um jornal do Partido Social Democrático da Alemanha publicou um conjunto das suas cartas de amor para outros homens. A partir dessa altura, Röhm deixou de esconder a sua sexualidade (tal como Edmund Heines e outros líderes da SA), aderindo mesmo à Liga dos Direitos Humanos, a maior organização alemã de direitos dos homossexuais.
Os judeus alemães tiveram papel proeminente nos movimentos pelos direitos dos gays na Alemanha. A comunidade de artistas e realizadores de cinema judeus na Alemanha tinha, nessa época, uma grande concentração de homossexuais. Os judeus alemães, como Magnus Hirschfeld, foram duramente criticados. Foram demonizados pelas suas ideias controversas que eram chocantes para muita gente na Europa. Apesar de não estar envolvido nos debates em curso na Alemanha, Sigmund Freud, um judeu austríaco, também foi acusado pelos nazis devido às suas ideias controversas sobre sexualidade, particularmente sobre alguns dos seus conceitos incestuosos como o complexo de Édipo ou o complexo de Electra.

Em 10 de maio de 1933, em Berlim, nazistas queimaram obras de autores de origem judaica, a biblioteca do Institut für Sexualwissenschaft, e outras obras consideradas "não-alemãs".
Em finais de fevereiro de 1933, à medida que a influência moderadora de Ernst Röhm enfraquecia, o Partido Nazista lançou uma expurgo dos clubes homossexuais (gays, lésbicas e bissexuais, nessa altura conhecidos como "homófilos") de Berlim, ilegalizou as publicações de conteúdo sexual e baniu as organizações gays. Em consequência, muita gente abandonou a Alemanha (incluindo, por exemplo, Erika Mann). Em março de 1933, o principal administrador do Institut für Sexualwissenschaft (Instituto para o Estudo da Sexualidade), Kurt Hiller, foi internado num campo de concentração.
A 6 de maio de 1933, a Deutsche Studentenschaft organizou um ataque ao Instituto. Alguns dias depois a biblioteca e os arquivos do Instituto foram levados e publicamente queimados em Opernplatz ("Praça da Ópera", em Berlim). Cerca de 20 mil livros e revistas científicas, 5 mil fotografias e imagens, foram destruídos. Os nomes e endereços dos ficheiros do Instituto foram, também por essa altura, confiscados. Joseph Goebbels aproveitou a ocasião para, perto da fogueira, fazer um discurso político para uma multidão de 40 mil pessoas. Os líderes da Deutsche Studentenschaft proclamaram os seus Feuersprüche(decretos de fogo, "contra o espírito antialemão"), que levaram a que os livros de autores Judeus, mas também os livros antimilitaristas (como os de Erich Maria Remarque), fossem retirados das livrarias públicas e da Universidade de Humboldt para serem também queimados. O activista radical Adolf Brand foi dos poucos que não abandonou o país, mantendo-se corajosamente na Alemanha por mais cinco meses, após a queima dos livros. No entanto, a perseguição que lhe foi movida acabou por levá-lo de vencida e, em novembro de 1933, foi forçado a anunciar o fim dos movimentos organizados de emancipação sexual na Alemanha.
Na noite de 29 de junho de 1934Hitler promoveu a Noite das Facas Longas, participando pessoalmente na prisão de Ernst Röhm, o líder da SA ("camisas pardas") que posteriormente seria assassinado conjuntamente com dezenas de outros oficiais. A homossexualidade de Röhm e dos seus oficiais foi utilizada por Hitler para aplacar a fúria que se apoderou das fileiras da SA. A esta purga seguir-se-ia o endurecimento da legislação contra a homossexualidade e a prisão de homossexuais com auxílio, ao que parece, da lista de nomes obtida no Instituto. Muitos milhares de prisioneiros acabaram em campos de concentração; outros, como John Henry Mackay, suicidaram-se.
Heinrich Himmler, que tinha inicialmente apoiado Röhm com o argumento que as acusações de homossexualidade contra ele eram maquinações judias, tornou-se muito activo na repressão aos homossexuais. Declarou: "Temos que exterminar esta gente pela raíz (...); os homossexuais têm de ser eliminados[2] ."
Pouco depois da purga de 1934, uma divisão especial da Gestapo foi instruída para compilar uma lista de homens gays. Em 1936Heinrich Himmler, chefe da SS, criou o "Gabinete Central do Reich para o Combate à Homossexualidade e ao Aborto."
Inicialmente os homens gays não tiveram o mesmo tratamento que os judeus; a Alemanha Nazi incluía os gays alemães como parte da raça ariana pura e tentou forçá-los à conformidade sexual e social. Os homens gays que não quisessem fingir uma mudança de orientação sexual eram enviados para campos de concentração ao abrigo da campanha de Arbeit macht Frei ("Libertação pelo Trabalho)."
Mais de um milhão de gays alemães foram identificados, dos quais cerca de 100 mil foram acusados e 50 mil condenados a penas de prisão por homossexualidade[3] . Centenas de homens gays que viveram sob ocupação nazi foram castrados por ordem dos tribunais[4] .
Muitos dos perseguidos ao abrigo dessas leis nunca se identificaram como gays. De facto, tais leias "anti-homossexuais" mantiveram-se depois da guerra por todo o mundo ocidental até aos anos 1960 e 1970, de tal forma que muitos gays nunca se sentiram confortáveis para contar suas histórias de sofrimento à mão dos Nazis até aos anos 1970, quando a maioria dos países suprimiu as leis relacionadas com a sodomia.

Memorial aos milhares de homossexuais presos e assassinados pelo regime nazista no antigo campo de concentração de Buchenwald. Os presos homossexuais eram marcados com um triângulo rosa.
As estimativas variam fortemente quanto ao número de homens gays que morreram nos campos de concentração durante o Holocausto, situando-se entre os 5 e os 15 mil. Os números mais elevados incluem gays que eram judeus e/ou comunistas. Os registos referentes às razões do internamento em muitos casos não existem, tornando difícil estimar com precisão quantos homens gays pereceram nos campos da morte (ver triângulo rosa).
Os homens gays sofreram tratamentos invulgarmente cruéis nos campos de concentração. Além de serem agredidos pelos guardas alemães, eram perseguidos muitas vezes também pelos outros prisioneiros. Sob a política Arbeit macht frei ("Libertação pelo Trabalho") nos campos de trabalhos forçados, recebiam regularmente os trabalhos mais pesados ou perigosos. Os soldados da SS utilizaram muitas vezes o triângulo rosa[5] , que os homens gays eram obrigados a usar, como alvo para prática de tiro.
Esse tratamento cruel pode ser atribuído tanto às opiniões dos guardas da SS como às atitudes homofóbicas generalizadas na sociedade alemã da época. A marginalização dos gays na Alemanha reflectia-se nos campos de concentração. Muitos foram espancados até a morte por outros prisoneiros. Outros morreram às mãos de médicos nazis em experiências "científicas" destinadas a localizar o "gene gay" de forma a encontrar "curas" para as futuras crianças arianas que fossem gays.
Pierre Seel, um sobrevivente francês gay do Holocausto, teve a coragem de contar as suas experiências sob controlo Nazi. Quando estes subiram ao poder e ocuparam a sua cidade natal, Mulhouse, na Alsácia-Lorena, o seu nome constava de uma lista de gays e ele foi mandado apresentar na esquadra da polícia. Obedeceu para proteger a sua família de possíveis retaliações. Ao chegar à esquadra, ele e outros homens gays foram espancados. A alguns, que tentaram resistir, foram-lhe arrancadas as unhas. Outros foram violados com réguas de madeira partidas e tiveram os intestinos perfurados, causando graves hemorragias. Depois de ser preso, foi enviado para o campo de concentração de Schirmeck, onde foi forçado a assistir, conjuntamente com os outros prisioneiros em formatura, à execução do seu jovem namorado de Mulhouse que tinha apenas dezoito anos. Steel conta que os guardas o despiram completamente, enfiaram-lhe um balde de metal na cabeça e atiçaram os seus cães pastores alemães, que o morderam até a morte.
Esses tratamentos cruéis explicam a alta taxa de mortalidade dos homens gays nos campos de concentração quando comparada com a de outros "grupos anti-sociais". Um estudo de Ruediger Lautmann concluiu que 60% dos homens gays internados em campos de concentração não sobreviveram, comparado com 41% dos prisioneiros políticos e 35% de Testemunhas de Jeová. O estudo refere também que as taxas de sobrevivência de homens gays foram ligeiramente maiores para os que eram originários das classes média ou alta ou para os que eram bissexuais casados e com filhos.

Homomonument em AmsterdãPaíses Baixos, feito em homenagem aoshomossexuais mortos pela Alemanha nazista.
Os prisioneiros homossexuais dos campos de concentração não foram considerados vítimas de perseguição Nazi a seguir à guerra[6] . As indemnizações e pensões sociais atribuídas a outros grupos de prisioneiros foram negadas aos gays, que continuavam a ser considerados criminosos — as leis antigay nazis apenas foram banidas em 1994, embora tanto a Alemanha Ocidental como a Alemanha Oriental tenham liberalizado as suas leis criminais contra a homossexualidade entre adultos nos finais dos anos 1960.
Os sobreviventes gays do Holocausto podiam ser re-encarcerados por "ofensas repetidas", e foram mantidos nas listas de "criminosos sexuais". Sob o Governo Militar Aliado da Alemanha, a seguir ao final da Guerra, alguns homossexuais foram forçados a cumprir as suas penas de prisão até o fim, independentemente do tempo passado em campos de concentração.
As políticas antigay dos nazis e a sua destruição dos primeiros movimentos pelos direitos dos gays não foram considerados objectos dignos de estudo pelos historiadores e académicos que se debruçaram sobre o Holocausto. Apenas nos aos 1970 e 1980 começaram a surgir algumas abordagens ao tema, com sobreviventes do Holocausto a publicar as suas memórias, peças de teatro como Bent, pesquisa académica e documentários sobre a homofobia Nazi e a destruição das organizações pelos direitos dos gays.
Em 2005, o Parlamento Europeu assinalou o 60.º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau com um minuto de silêncio e a aprovação de uma resolução que incluía o seguinte texto:
Cquote1.svg...27 de Janeiro de 2005, o sexagésimo aniversário da libertação do campo de morte de Auschwitz-Birkenau na Alemanha Nazi, onde um total de até 1,5 milhões de judeus, ciganos, polacos, russos e prisioneiros de outras nacionalidades, e homossexuais, foram assassinados, é não só uma ocasião suprema para que os cidadãos europeus relembrem e condenem o enorme horror e tragédia do Holocausto, mas também para salientar o perturbador aumento do antissemitismo, e especialmente dos incidentes antissemitas na Europa, e para aprender de novo as abrangentes lições sobre os perigos de discriminar pessoas com base na raça, na etnia, na religião, na posição social, nas opções políticas ou na orientação sexual,...Cquote2.svg
Em 6 de maio de 2008, uma rua de Berlim receberá o nome de Magnus Hirschfeld, precisamente na margem oposta do rio Spree, onde se situava o Instituto para o Estudo da Sexualidade. É a data do 75.º aniversário da destruição do Instituto, em 1933. E a 27 de maio de 2008 deverá ser inaugurado oficialmente o memorial de Berlim aos homossexuais perseguidos durante o período Nazi.

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.